Por Vanessa Henriques (?)
“Fala a verdade, isso aconteceu mesmo?”
Não consigo lembrar quantas vezes ouvi essa frase desde que comecei a me embrenhar por esse mundo traiçoeiro das palavras.
“Pode ter acontecido ou não, mas será que isso é tão importante?”
“Ai, deixa de enrolar e fala logo”.
Como dá para perceber pelo tom, geralmente esses comentários vêm daqueles que me conhecem, ou que convivem comigo no dia-a-dia. Eles conhecem minhas rotas e meus comportamentos, e podem ser classificados como leitores perigosos, que podem descobrir certos segredos e artimanhas a que se recorre quando se tem um prazo apertado e a imaginação tira férias.
Já ouvi também:
“Por que você usou o pronome masculino se você é mulher?”
“Não fui eu, foi o meu eu lírico que escreveu”, emendei, tentando fazer graça. Recebi em troca um olhar de escárnio e pena, como quem pensa: “e cronista lá tem eu lírico?”.
Há de ter! Afinal não é nada fácil sair por aí escrevendo sobre histórias banais que acontecem no ônibus ou conversas de fila de supermercado e assumir que foi você, mesmo, que escreveu tais besteiras.
Mas, se vocês querem mesmo saber a verdade, eu digo. A verdade é muito chata! Muitas coisas aconteceram, outras bem que podiam ter acontecido, mas o fato é que elas nunca seriam tão boas como são no papel. Ou o contrário: são tão boas na realidade que o papel apenas tenta acercar-se, mas vê a verdade lá longe rindo da sua tentativa.
E estou achando também essa conversa um tanto quanto discriminatória. Por acaso o pessoal fica amolando poeta para saber se é dor a dor que deveras sente? Se Pasárgada realmente existe? E se tinha mesmo uma pedra no meio do caminho?
Pois aqui está o texto da semana, totalmente baseado em fatos reais e comprometido com a verdade. Acreditem se quiser!
Autoria duvidosa, sem dúvida. Careço de mais dados amostrais para certificar-me que você é você.
Eu, pelo contrário, tenho certeza que é você mesmo comentando! 🙂