Por Vanessa Henriques
Tudo vazio e dois pequenos.
Paredes cinzas
quanto espaço
quanto espelho.
Livro pra todo canto.
Armário: pra você só um tanto…
Mesa: toda sua, eu me arranjo.
A cozinha não dava conta de tanto mimo
de vó, de mãe, de irmãos, de amigos
Pano de prato ainda tem estoque
e tigela não tem mais onde bote!
Veio mesa, sofá, estante
e até o velho rádio com vitrola
aquela pedra que você roubou do Varvito
E debaixo da cadeira um pó meio esquisito…
Um vaso de planta
dois
três
contei hoje: são 17 vasos
desconta os dois que já estavam no apartamento
e soma aqueles que vão vingar
(tipo aquele coqueiro que você insiste em dizer que não é um coqueiro)
Pássaros na cortina
e na varanda.
Dois pratos de comida que voaram com o vento
uma samambaia que se jogou ao relento.
Muitos santos
nesse templo.
Quantas velas será que acendemos neste tempo (nos bons e maus momentos)?
De falta de luz foram poucas
De alegria foram muitas
“Codo a codo somos mucho más que dos”
diz o poema que a gente adora.
Criamos um mundo em 50m²
E eu o amo com todas as forças.
Isso foi casa.
Comigo.
Diz que sim?
Uau! Que texto lindo! Me trouxe várias lembranças de quando eu e a Ligia estávamos reformando a casa aqui, e como as coisas foram tomando forma naturalmente, inclusive a bagunça que eu tanto evitei, mas agora eu só aceito =p
É muito legal esse processo de criar uma casa. Até hoje fico meio besta lembrando de tudo que já passou!
E, como você, tem muita bagunça que eu já abri mão… mas aí não fica poético falar disso, né? hahaha
beijo grande!
Amei! Simplesmente, assim, amei!