Por Vanessa Henriques
O relógio desperta pela manhã. A preguiça é tamanha que não tenho nem vontade de dormir por mais cinco minutinhos. Segunda-feira. Mas não é uma segunda-feira qualquer, é a segunda da fênix, pois só ela seria capaz de ressurgir das cinzas da quarta-feira de carnaval.
E haja paciência para ouvir “é, o ano começa hoje”. Chega a ser um insulto à inteligência dos que trabalharam durante todo o mês de janeiro, mas não deixa de ser verdade. As reuniões são inconclusivas (“fechamos depois do carnaval”) e as resoluções de ano novo sempre ficam para depois.
Carnaval é muito bom, e quem discorda é doente do pé. Mas alguém aguentaria ouvir um ziriguidum ininterrupto durante o ano todo? Todos detestam essa primeira segunda-feira do ano, mas ela tem sua utilidade.
Depois da correria do natal, das horas de trânsito para chegar à praia no ano novo e dos preços abusivos do carnaval, chegamos ao… nada. Não há grandes festas por vir, e se você considerar a Páscoa uma grande festa, ainda restam quarenta dias para ela chegar. Nada de planejamento, de corre-corre, de empurra-empurra. O tempo volta a ser nosso.
Por isso respondo, com um sorriso discreto, ao questionamento de meu colega:
— Vai fazer o que no fim de semana?
— Nada. Ainda bem que o ano começou.