Por Vanessa Henriques
Eu preciso voltar a escrever. Preciso. Criei um bloqueio, e aí sabe como é, hoje não tem clima, amanhã tô ocupada e quando vejo já se passou mais de um mês desde meu último texto publicado. Eu preciso. E aqui estamos, eu e a folha em branco.
O problema é que eu assumi um risco grande já no primeiro dia útil desse ano. Resolvi mudar a direção da vela e navegar por outros mares. Tortuosos, agora sei. Diferentes, muito diferentes. E no meio desse barco me impus outro desafio, que supostamente me aproximaria da escrita.
Efeito contrário: cada vez que me sento para escrever agora me sinto menos capaz, mais longe de um bom resultado final. Há que se cobrar mais, dizia o professor — não se preocupe mestre, esse conselho eu sigo isso à risca.
E desde quando eu me preocupei com o resultado final? Dentro de um mínimo, claro, mas não tanto quanto agora. A minha primeira crônica saiu como uma piada, e talvez por isso tivesse tanta graça.
Percebi que a escrita era minha terapia, e na falta desta, logicamente sobraram lacunas. E eu não quero escrever nada sem graça (e aqui no sentido sublime da coisa). Nem ressentida. É que embarquei nessa de me conhecer mais, de buscar rumos. Quanta tolice, o rumo já estava aí: sou eu.
Agora que aportei o barco percebo que nunca deveria ter saído do cais. Eu sou o cais e o alto mar, e uma coisa não se separa da outra. Um dia estou aqui, outro ali, mas para onde vou? Continuo mais um dia sem saber.
Tudo isso pra dizer que já dá pra ver meu barquinho bamboleando, quase chegando na praia. Esperem por mim.