Por Vanessa Henriques
Cuidar de uma casa não é fácil, mas isso já é clichê, todo mundo sabe. É um tal de planejar refeições, limpar o banheiro, varrer toda a hora a casa (como pega tanta poeira?) e deixar pra limpar aquela janela da sala sempre na outra semana. E mesmo se estiver tudo em dia, pode ter certeza que algo novo surgirá.
Dessas coisas que surgem a cada minuto, a roupa suja é uma delas. Atividade hercúlea em tempos de verão, diga-se de passagem. Varal lotado num dia só pode significar que a pilha de roupa para passar também está crescendo em progressão geométrica.
Você caça uma blusa que não precisa passar aqui, passa uma calça preferida ali, e vai levando. Ao menos, eu vou levando. O namorado constata à meia-noite do domingo, derrotado:
— Não tenho uma camiseta no armário, tenho que passar roupa essa semana.
— Nenhuma camiseta? Nenhuminha?, respondo eu, um pouco relutante.
Abro a porta do lado dele do armário. Realmente, nenhuma camiseta. Abro a porta do meu lado. Tinha muita roupa. Muita mesmo. Eu poderia facilmente viver com a pilha de roupa para passar duplicando, triplicando. Lógico que não seriam minhas roupas preferidas, mas eu não andaria pelada.
Sempre tendo a achar que o namorado tem roupa de menos. Mas aí eu percebi que eu tinha demais. Não compro tanta roupa assim, mas somos em três irmãs, além da minha mãe, então o escambo familiar é grande. O apego, maior ainda. Tem blusa nova guardadinha e blusa velha que mal para no cabide.
Por isso que toda vez que vou a uma loja de roupa e me encanto por algo, fico pensando: preciso de mais roupa? Mas quando abro meu armário antes de sair: eu não tenho roupa! Claro que vivemos num mundo consumo-capitalista que vai sempre te convencer de que o que você tem é lixo e você precisa sempre de coisas novas. E coisa nova é uma delícia mesmo, então se privar de uma camisetinha de R$19,90 também não é lá muito saudável.
Onde fica então o equilíbrio? Se eu soubesse, não estaria aqui escrevendo esse texto. Cada um deve tentar encontrar o seu. Tento resistir à tentação das compras apelando para a razão — o que geralmente é um pé no saco, mas ao menos ajuda a economizar um dinheirinho. E o armário pequeno também agradece.
[…] já falei sobre isso antes. Um guarda-roupa que não fecha não é necessariamente um bom guarda-roupa. Um […]